quinta-feira, 28 de março de 2013

Música aê...

Somente Chega...


Chega assim como um viajante errante e solitário,
descansa a mala, a alma, a calma sobre
a mesa, a cama, sobre mim no sofá da sala
Chega assim de mansinho como caçador pra abater a caça
dominando o calor, o tremor, o fulgor
De um encontro que não estava previsto no conto
Que eu tiro do meu coração as reticencias e ponho no lugar um ponto...

Natália Goulart

quarta-feira, 30 de março de 2011

E mais uma vez a vida carimba na sua cara


Com uma tinta vermelho-sangue-vivo

Sangria da ferida viva do teu coração,

Que você era, esteve e está sozinho...



Vomitando tudo em rimas que nada tem de raras

É assim, delirantemente eu sigo

Oscilando entre o triste poema e a canção

Porque hoje sou pássaro, fênix sem ninho...



Lutando desesperadamente pra folgar as amarras

Procurando insanamente por algum sentido

Algum caminho “seguro”, alguma direção...

Mas as vezes na vida é assim, simplesmente seguir o caminho...

 
                                                                       Natália Goulart

terça-feira, 15 de março de 2011

5 por 30...

Respirando fundo contando de 1 a 10
retomando o mundo embaixo dos pés...

Sabe aquele porto que era aquele abraço?
Transformou-se em ilha, perdida no espaço...

Já indaguei tanto e nunca consegui responder
Como acontece, onde eu me perco e porque...
Invariavelmente acabo mistificando,
Pessoas, sentimentos, momentos e vou andando...

Já subi alguns degraus da escada da confiança,
pra ter apenas tombos como lembrança...
Agora bato o pé pra fincar, estática, em terreno plano
Cansei dos altos e baixos e da instabilidade do insano...
 
A redoma que outrora transpuseram,
foi reposta, reerguida, recolocada...
Para que meu coração e ego, adormeçam
E, prometo, minha guarda não será de novo baixada...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

... ... ...

Uma analogia que pode parecer sem nexo por misturar 2 conceitos "comuns" do nosso cotidiano:
música e fotografias...  Usando conceito de ambos foi feita uma reflexão sobre as poses
e melodias manjadas que, por vezes, nos deparamos pelo mundo afora e pelo mundo de dentro
;)


Momentos congelados de uma vida
às vezes bem, às vezes mal vivida
personagens inanimados em fotos
na maioria delas: sorrisos estampados
traços e lugares premeditadamente marcados
uns dentro outrso fora de foco
para servir de "portal pluridimensional"
a nostalgia dos tempos bons
e a agonia de desafinados sons
que outrora compusemos jurando afinação total
o maestro de cada vida em sua (des)afinação
empunhando câmeras-partituras
da arte, desafina as conjunturas
e agride meu timpânico coração
que se acostumou com o descompasso
descompasso do seu proprio som, do seu "tum tum"
ajeita a luz, depois o zoom
compondo a cena, no meu "music player"
cogito encarceirar esse som descompassado e ultrapassado
e acabar tudo com um "stop" e apenas um botão...
                                                                         Natália Goulart

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bem vindos aos que chegam enquanto eu parto... !!!

As portas que outrora se abriam
em tempo, se fecham para os velhos
E um novo ciclo se inicia
são outros artistas, que só assistiam
hoje enfrentam seu êxtase no espelho
e reiniciam com a vida que eu vivia...

É saudosamente que escrevo meu testamento
deixo as paredes, os fatos, as experiencias
e eles reinventam a cada ano o silencioso juramento
de cuidar das vidas, festas, amizades e ciência

Aproveitem a nova vida nas entrelinhas dos livros
cada dia, mês, ano, período, ano
levem suas vidas preocupadas com as dos outros
                                       (os futuros pacientes)
elevem seus conhecimentos a outros âmbitos

O sabernão se constrói apenas de experimentos
de palavras, estudos e vivência
Agora são pessoas, grupos, ligas e moviementos
formando profissionais com decência e experiência
que fazem na nossa universidade
uma escola do viver , de verdade...
                                        
                                      Natália Goulart

Confusão Cinza...

As nuvens cinzas pairavam sobre o edifício
As 5 horas da manha, o despertador faz sua parte
E a outrora menina parte rumo ao seu oficio..
Cansada, já pela manha, desbotando sua arte...
As massas de concreto de um cinza mais cinza que os nimbos
Ecoavam o praguejamento dos trovoes e relâmpagos
E a chuva a essa altura já amortecia os sinos
Que soariam, tentando amenizar seu animo e âmago
Velhas escarafunchando as vidas que passavam perdidas
Como se um filme passasse sob algum júri
O júri popular, das metrópoles que esquecem sua prole
Das Marias, Antônias e Cíceras, dos Petrúcios, Josés e Iuris
Vidas, apagadas e, porque não, esquecidas
Esse cenário difícil de julgar e fácil de condenar...
Meus caros, essa cena se repetia e perpetuava
Dentro do coração e mente daquela ex-menina que levantava cedo
Numa angústia metafísica, de matar...
Pra quem exalava confiança, e agora só medo...


                                                        Natália Goulart   25/01/11

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Outro poema pra trabalho de bioetica...
é incrível ver como as pessoas são des"tratadas" e é mais impressionante ver isso de dentro da área da saúde... Aqueles corpos em cima dos leitos não são só matéria, são e foram uma vida inteira, com alegrias, tristezas, angústias, e tudo o que você que está "bem" já teve e terá ...


A vida se esvai

Com o passar do tempo

Ah! Chronos...

O carpe diem diz: aproveitai

E aproveitando vivi, festas, mulheres, bebidas.

E agora com a liberdade (e porque não) a vida

Cerradas, castradas neste quarto de Hospital

Neste leito de UTI

Minha consciência, autonomia,

Já ganhei e perdi

Em minha mente atordoada de medicamentos

Se configura a epifania

Encontrei a última peça do quebra-cabeça

E agora consigo ver a imagem completa

Consigo sentir uma gama de sentimentos

Eu não quero mais sofrer,

Deixe-me morrer...

Natália Goulart.